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Entrevista - Adolfo Luxúria Canibal

Adolfo Luxúria Canibal é o pseudónimo artístico de Adolfo Morais de Macedo, nascido em Dezembro de 1959 na cidade de Luanda, em Angola. Licenciado em Direito pela Universidade de Lisboa, exerceu a advocacia nesta cidade até 1999. É desde 1989 consultor jurídico na Administração Central, na área da Conservação da Natureza. Na qualidade de especialista em Direito do Ambiente, foi orador convidado em diversos congressos e seminários, portugueses e estrangeiros, e professor em cursos de formação, de pós-graduação e de mestrado. Integrou de 1993 a 1999 um Grupo de Peritos Jurídicos da Convenção de Berna, junto ao Conselho da Europa, em Estrasburgo.

Adolfo Luxúria Canibal

Adolfo Luxúria Canibal é o pseudónimo artístico de Adolfo Morais de Macedo, nascido em Dezembro de 1959 na cidade de Luanda, em Angola. Licenciado em Direito pela Universidade de Lisboa, exerceu a advocacia nesta cidade até 1999. É desde 1989 consultor jurídico na área da Conservação da Natureza. Na qualidade de especialista em Direito do Ambiente foi orador convidado em diversos congressos e seminários, portugueses e estrangeiros, e professor em cursos de formação, de pós-graduação e de mestrado. Integrou de 1993 a 1999 um Grupo de Peritos Jurídicos da Convenção de Berna, junto ao Conselho da Europa, em Estrasburgo.

Projetos

Fundador, vocalista e letrista dos grupos Auaufeiomau (1981/84) e Mão Morta (desde 1984), com quem gravou os álbuns Mão Morta (1988), Corações Felpudos (1990), O.D., Rainha do Rock & Crawl (1991), Mutantes S.21 (1992), Vénus Em Chamas (1994), Mão Morta Revisitada (1995), Müller no Hotel Hessischer Hof (1997), Há Já Muito Tempo Que Nesta Latrina o Ar Se Tornou Irrespirável (1998), Primavera de Destroços (2001), Carícias Malícias (2003), Nus (2004), Maldoror (2008), Rituais Transfigurados (2009), Pesadelo em Peluche (2010) e Pelo Meu Relógio São Horas de Matar (2014) e no âmbito dos quais concebeu espectáculos multimédia como Rococó, Faz o Galo (1983), Müller no Hotel Hessischer Hof (1997) ou Maldoror (2007). Participou ainda na concepção do musical Então Ficamos, para o encerramento da Capital Europeia da Cultura – Guimarães 2012 e da performance neuro/áudio/visual Câmara Neuronal, a partir dos sinais elétricos emitidos pelo cérebro, para o Festival Frame-Art (2012).

Criou também espetáculos de spoken word, nomeadamente Epístolas da Guerra para o Festival FalaDura (1999), Estilhaços para o Teatro do Campo Alegre (2004), Estilhaços de Cesariny para a Fundação Cupertino de Miranda (2010) e Estilhaços Cinemáticos para os Encontros de Cinema de Viana do Castelo (2013), que originaram a gravação dos álbuns Estilhaços (2006), Estilhaços e Cesariny (2011) e Estilhaços Cinemáticos (2014).

Participou ainda como ator em alguns filmes, como Gel Fatal (1996), Quem é o Pai do Menino Jesus? (2010) ou Escama de Peixe (2012), e na série para televisão O Dragão de Fumo (1998/99), tendo concebido com João Onofre o filme de videoarte S/título (мій голос), exibido no 19.º Festival Internacional de Cinema - Curtas de Vila do Conde (2011).

Colaborações e outras atividades

Colaborador convidado de dezenas de artistas, com quem participou em concertos ou na gravação de mais de 30 discos, integrou ainda, de 2000 a 2009, o coletivo francês de música eletrónica Mécanosphère, com quem gravou os álbuns Lobo Mau (2001), Mécanosphère (2003), Bailarina (2004) e Limp Shop (2006).

Autor de textos dispersos por jornais e revistas, como a Vértice ou a 365, foi, de 2000 a 2004, correspondente do jornal Blitz. Teve uma coluna de opinião no semanário O Independente (1999) e manteve crónicas regulares na Antena 3 (2001-04) e na revista Vidas (2008/10) do jornal Correio da Manhã. Tem desde Janeiro de 2011 uma rubrica mensal na revista Domingo do Correio da Manhã e desde Janeiro de 2014 uma crónica quinzenal no semanário Sol. Editou os livros de poesia Rock & Roll (1984), Estilhaços (2003) e Todas as Ruas do Mundo (2013), um Prefácio para uma edição portuguesa de Os Cantos de Maldoror, do Conde de Lautréamont (2004), e os ensaios Breve Nota Para Uma História do Parque Nacional da Peneda-Gerês, para o livro Parque Nacional da Peneda-Gerês – 40 Anos (2011), e A Natureza na Prosa de Valter Hugo Mãe, para o livro Falas da Terra no Século XXI – What Do We See Green? (2011). Editou ainda 33 Poesias (2008), um seleção de poemas de Vladimir Maiakovski que traduziu e prefaciou. Juntamente com Fernando Lemos concebeu o livro-objecto artístico Desenho Diacrónico (2011).

Foi também autor e locutor de programas de rádio, na Rádio Activa (Braga) e na RUT - Rádio Universidade Tejo (Lisboa), no tempo da pirataria radiofónica.

Em 2003 foi considerado uma das cinquenta personalidades vivas mais importantes da cultura portuguesa pelo semanário Expresso e em 2011 foi um dos 100 ex-alunos convidados pela Universidade de Lisboa para proferir uma palestra no âmbito das comemorações do seu centésimo aniversário.

MÃO MORTA

Os Mão Morta formaram-se em Braga em Novembro de 1984, estreando-se ao vivo em Janeiro do ano seguinte no Orfeão da Foz, no Porto. Depois de em 1986 ganharem o Prémio de Originalidade no III Concurso de Música Moderna do RRV, em Lisboa, editam o seu primeiro álbum, homónimo, em 1988. Aplaudidos pela imprensa musical e com uma crescente legião de fãs, rapidamente se tornam um grupo de culto, colhendo rasgados elogios de personalidades tão diversas como Nick Cave ou Jello Biafra (Dead Kennedys). Com uma discografia de doze álbuns de originais (a que se juntam registos ao vivo e compilações) – grande parte deles reiteradamente incluídos nas listas dos melhores do ano ou de sempre da música portuguesa –, com várias participações nos grandes eventos musicais do país (como Paredes de Coura, Alive, Rock in Rio ou Primavera Sound), com uma forte aposta na realização de espetáculos multimédia singulares – de que se destacam “Müller no Hotel Hessischer Hof”, estreado no Centro Cultural de Belém em 1997, ou “Maldoror”, estreado no Theatro Circo de Braga em 2007 – e com algumas incursões por Espanha, França, Itália ou Brasil, os Mão Morta, ao longo das últimas três décadas, souberam como ninguém aliar a música à literatura (trazendo à ribalta escritores e poetas como Heiner Müller, Guy Debord, Allen Ginsberg, Isidore Ducasse ou J. G. Ballard) e têm tido sempre uma palavra a dizer quanto ao rumo do rock feito em Portugal.

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Formação
      

Adolfo Luxúria Canibal

Vocalista e letrista

Miguel Pedro

Baterista, programador, compositor e produtor

António Rafael

Teclista, guitarrista, compositor e produtor

Sapo

Guitarrista

Vasco Vaz

Guitarrista e compositor

Joana Longobardi

Baixista

Discografia
1988 - "Mão Morta" 1990 - "Corações Felpudos" 1991 - "O.D., Rainha do Rock & Crawl" 1992 - "Mutantes S.21" 1994 - "Vénus em Chamas" 1995 - "Mão Morta Revisitada" 1997 - "Müller no Hotel Hessischer Hof" 1998 - "Há Já Muito Tempo Que Nesta Latrina o Ar Se Tornou Irrespirável"
2001 - "Primavera de Destroços" 2002 - "Ao Vivo na Aula Magna" 2003 - "Carícias Malícias" 2004 - "Nus" 2008 - "Maldoror" 2009 - "Rituais Transfigurados" 2009 - "Mão Morta 1988-1992" 2010 - "Pesadelo em Peluche"
             
2014 - "Pelo Meu Relógio São Horas de Matar"              

MÃO MORTA - Biografia completa

MÃO MORTA

Ao longo das últimas quase três décadas os Mão Morta têm tido sempre uma palavra a dizer no rumo do rock em Portugal. Com uma discografia que soma mais de doze discos de originais (aos quais se juntam registos ao vivo ou compilações), a banda de Braga dividiu opiniões, criou alguns hinos geracionais e conta com um percurso onde não faltam episódios curiosos. Um deles decorreu mesmo antes da sua formação, quando Harry Crosby, músico dos nova-iorquinos Swans, considerou que Joaquim Pinto "tinha cara de baixista". Esta opinião, partilhada em Berlim algures em 1984, após um concerto do grupo americano, serviu como incentivo para que Pinto se sentisse encorajado a aprender a tocar baixo e a integrar uma banda. E assim nasciam os Mão Morta.

O Orfeão da Foz, no Porto, testemunhou no ano seguinte o primeiro de muitos concertos que funcionaram como rastilho para o culto. Ainda nos palcos, o grupo passou por vários concursos – como o do mítico Rock Rendez-Vous, em Lisboa, em 1986, onde conquistou o Prémio de Originalidade – e chegou a novos públicos com as primeiras partes de concertos dos Xutos & Pontapés, em 1987, que então eram mais populares do que nunca. Outra primeira parte, de um concerto dos norte-americanos Gun Club em Lisboa, foi também marcante mas por razões diferentes: a noite terminou com um Cinema Império devastado, uma vez que o público refletiu a energia da banda e acabou por gerar desacatos com os seguranças.

"Mão Morta", o álbum de estreia, foi editado em 1988 e não desiludiu a maioria dos que seguiram o grupo até então. O aplauso da imprensa musical, a adesão aos concertos que se sucederam e até os elogios de Nick Cave (para quem os Mão Morta fizeram, nesse ano, as primeiras partes em Lisboa e no Porto) contribuíram para que o arranque da discografia do grupo fosse feito da melhor forma. Era um disco completamente diferente do que então se fazia em Portugal.

Ao longo desse período inicial decorreu também um dos episódios mais memoráveis da história do grupo: a passagem pelo Rock Rendez-Vous, em 1989, foi da euforia ao pânico quando Adolfo Luxúria Canibal auto-infligiu vários cortes na perna enquanto cantava "Bófia". E o sangue da letra da canção tornou-se tão real que foi necessário um garrote para o estancar – situação que despertou desmaios no público e a ida do vocalista para as urgências no fim do concerto.

Em apenas quatro anos, os Mão Morta editaram mais três álbuns, do "disco de ressaca" "Corações Felpudos" (1990) ao "de urgência", "O.D. Rainha do Rock and Crawl" (1991). Mas o melhor, na opinião de muitos fãs, guardou-se para o fim destes quatro anos: "Mutantes S.21" (1992). Viagem aos recantos mais sinuosos de nove cidades – de Lisboa a Paris, passando por Istambul ou Amesterdão –, deixou um clássico na memória coletiva (o inevitável "Budapeste") e é um dos álbuns mais consensuais da banda, tendo originado concertos lendários como o do Theatro Circo, em Braga, destruído por uma multidão em transe com a música do grupo.

Menos celebrado do que o antecessor, "Vénus em Chamas" (1994), a estreia por uma multinacional – BMG Ariola –, mostrava os novos caminhos experimentais que se perfilavam no horizonte da banda. Ao ponto que depois da revisão da matéria dada, "Mão Morta Revisitada" (1996), que encerrou a breve passagem pela BMG, sucederia o mais desafiante "Müller no Hotel Hessischer Hof" (1997), álbum onde os Mão Morta musicaram poemas do dramaturgo alemão Heiner Müller (a partir de um convite do encenador Jorge Silva Melo). Mais do que um disco, o resultado foi um espetáculo multimédia estreado num Centro Cultural de Belém repleto.

Também muito concorrido, o concerto no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, encerrou a apresentação de "Há Já Muito Tempo que Nesta Latrina o Ar se Tornou Irrespirável" (1998) com um apuro cénico ainda mais forte – onde o vídeo foi ferramenta essencial para o grupo desenvolver as reflexões sobre os media presentes nesse disco, baseadas nas teorias situacionistas de Guy Debord. Já na digressão de "Carícias Malícias", os espetáculos mostraram graus de ambição mais moderados e apostaram essencialmente em pequenos locais, com um intimismo que marcou vários espaços do país onde um concerto de rock seria improvável.

Com "Primavera de Destroços" (2001) e com "Nus" (2004) os Mão Morta regressaram a concertos mais elaborados e teatrais, vertente mantida e aperfeiçoada em "Maldoror" (2007), álbum apresentado na cidade-natal do grupo, num Theatro Circo renovado que encheu repetidamente com um público deleitado pelo espetáculo cénico ancorado nos "Cantos de Maldoror" do Conde de Lautréamont.

Além dos Mão Morta, Adolfo Luxúria Canibal trabalhou também, neste período, em projetos paralelos, caso dos Mécanosphère (de origem francesa) ou Estilhaços, com outro elemento dos Mão Morta, o teclista e produtor António Rafael, que por sua vez compôs também para peças de teatro. Rafael fundou ainda o projeto eletrónico Jazz Iguanas, com Miguel Pedro, e este último integra os Mundo Cão, juntamente com Vasco Vaz, banda mais centrada no rock.

E foi também ao rock mais primário e cru que os Mão Morta regressaram com "Pesadelo em Peluche" (2010), novamente para uma multinacional – Universal – e último álbum em data. E este regresso motivou outro, já que a banda voltou ao Coliseu de Lisboa para apresentar o disco – onde propôs, mais uma vez, uma reviravolta cénica ao vivo. E depois dos grandes festivais, como o Rock In Rio – Lisboa, o Alive ou o Paredes de Coura – onde são aliás presença recorrente – e de atuações por Espanha, França, Itália e agora Brasil, aguarda-se com expectativa um prometido novo disco para o final do ano.

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